"Era uma vez um viajante que se perdeu no deserto. Não sei se já andaram no deserto, mas se não andaram, imaginem.
É fácil uma pessoa perder-se no deserto. Não há sinais de trânsito nem setas a apontar. Não há ninguém a quem perguntar o caminho. Nem sequer há caminho.
Só areia, areia, areia, a perder a vista. Uma maçada.
Pois este viajante, que se tinha perdido no deserto, desesperado, pôs-se a gritar:
- Acudam-me, acudam-me, senão eu morro de sede, de fome, de calor!!!
Um escorpião do deserto condoeu-se da aflição do viajante e disse-lhe:
- Foge senão eu pico-te.
Os escorpiões são venenosos, não sei se sabem.
O homem, ainda mais assustado, correu, à frente do escorpião.
- Segue adiante ou eu mordo-te - gritava-lhe o escorpião de tenazes ameaçadoras, sempre atrás dele. - Agora, inflecte para a esquerda! Agora corta à direita!
O desesperado viajante, a puxar pelas últimas forças, corria a bom correr guiado pelas ordens do escorpião, que não lhe largava a sombra.
Assim chegou a um oásis, com tamareiras e um poço de água fresca. Estava salvo.
Olhou para trás e viu que o escorpião estacara. Devia agradecer-lhe. Em vez disso pegou numa grande pedra e atirou-lha, gritando:
- Maldito escorpião.
Felizmente que o escorpião se desviou a tempo, caso contrário esta história teria um fim bastante desanimado."
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